5 dicas para programar com AI como um Sênior
Se você quer programar com AI e manter a qualidade de produção, comece por tratar modelos como dependências: contratos, testes e observabilidade. Neste post, apresento 5 dicas pragmáticas para usar AI (modelos e APIs) com a mentalidade de um sênior, focando em entregas confiáveis em vez de hype.
“Programar com AI” exige mais do que prompts criativos: exige disciplina de engenharia. Sistemas que dependem de modelos precisam de testes, monitoramento e limites bem definidos — senão o comportamento muda em produção e você passa a remediar incêndios em vez de construir recursos.
1. Defina contratos e expectativas de resposta
Trate o modelo de AI como uma dependência externa (ex.: serviço HTTP). Especifique um contrato: formato da resposta, campos obrigatórios, limites de comprimento e códigos de erro.
Exemplo de contrato JSON:
{
"summary": "string (<= 300 chars)",
"entities": ["string"],
"confidence": "number (0.0-1.0)"
}
Como aplicar:
- Documente o contrato no README do componente.
- Valide a resposta no cliente antes de aceitar (schema validation).
Pequeno snippet em JavaScript (ajuste conforme seu stack):
const Ajv = require('ajv');
const schema = {
type: 'object',
properties: {
summary: { type: 'string' },
confidence: { type: 'number' },
},
required: ['summary'],
};
const validate = new Ajv().compile(schema);
if (!validate(response)) throw new Error('AI response invalid');
Por que sênior: contratos reduzem bugs inesperados e facilitam fallback quando o modelo falha.
2. Comece com experimentos pequenos e iterativos
Sêniores evitam grandes mudanças sem validação. Faça pequenos experimentos A/B ou feature flags para avaliar impacto.
Como começar:
- Crie uma rota experimental (/api/ai/exp) que chama o modelo em paralelo à implementação atual.
- Colete métricas qualitativas (aceitação pelo time) e quantitativas (tempo médio de resposta, taxa de erro).
Exemplo de fluxo:
- Implementar POC em branch separado
- Rolar em 1% dos usuários via feature flag
- Medir comportamento por 2 semanas
- Decidir rollout, rollback ou melhorias
Dica prática: use prompts minimalistas e padronizados na fase inicial para isolar variáveis.
3. Teste e valide respostas automaticamente
Não dependa só de testes manuais. Crie testes automatizados que validem propriedades críticas das respostas do modelo.
Tipos de testes:
- Unitários de prompt: dados de entrada conhecidos devem gerar padrões de saída previsíveis.
- Testes de integração: validação do schema e verificações de negócio (ex.: não gerar instruções inseguras).
- Testes de regressão: arquive respostas esperadas e compare score semântico (similaridade) em runs subsequentes.
Exemplo rápido (pseudo):
test('sumariza notas importantes', async () => {
const input = 'Notas do cliente: ...'
const out = await ai.summarize(input)
expect(out.summary.length).toBeLessThan(300)
expect(out.confidence).toBeGreaterThan(0.6)
})
Ferramentas úteis: snapshot testing, embeddings + cosine similarity para detectar deriva.
4. Instrumente e monitore modelos em produção
Observabilidade é chave. Monitore latência, erros, custo por chamada e métricas de qualidade (ex.: taxa de aceitação pelo usuário).
O que coletar:
- Latência P50/P95/P99
- Código de erro e taxa de retries
- Token usage / custo por request
- Feedback do usuário (aceitou/ignorou saída)
- Drift semântico (mudança gradual nas embeddings)
Exemplo de alerta: configurar alerta quando P95 > 2s ou quando taxa de erro > 1%.
Como reagir a problemas:
- Desligar rota para modelo (circuit breaker)
- Reverter para fallback deterministic (regex, heurística)
- Acionar retrain/curadoria de prompt quando drift confirmado
5. Proteja dados e trate segurança como prioridade
Modelos podem memorizar dados sensíveis. Adote práticas para minimizar risco de vazamento e atender compliance.
Recomendações:
- Evite enviar PII desnecessária para APIs externas
- Use redaction/local anonymization antes de enviar
- Se possível, use modelos on-prem ou com contrato de processamento de dados
- Logue hashes em vez de dados brutos quando precisar de auditoria
Exemplo de redaction simples (Node.js):
function redact(text) {
return text.replace(/\b\d{11,}\b/g, '[REDACTED]');
}
Além disso, valide outputs para evitar prompts que gerem instruções perigosas (prompt injection). Padrão sênior: sempre filtre e saneie a resposta antes de executar ações automatizadas.
Conclusão
Programar com AI como um sênior é menos sobre prompt engineering mágico e mais sobre engenharia de software responsável: contratos, experimentos controlados, testes automáticos, observabilidade e segurança. Aplique essas 5 dicas em pequenos passos e você reduzirá riscos enquanto entrega valor mais rápido.
Experimente uma dessas dicas hoje — por exemplo, adicione validação de schema às respostas do seu serviço AI — e conte nos comentários como foi. Se quiser, posso revisar seu contrato de API ou sugerir um conjunto de testes iniciais.